O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aumentou o tom das ameaças contra a Groenlândia nesta quarta-feira, 26, enquanto seu vice, J.D. Vance, se prepara para visitar o território dinamarquês, sem ter sido convidado, no final de semana. Em entrevista com o apresentador de rádio Vince Coglianese, o republicano disse que a anexação da Groenlândia é uma questão de “segurança interna”, acrescentando: “Precisamos dela. Temos que tê-la”.
“É [uma] ilha de uma postura defensiva e até mesmo uma postura ofensiva é algo que precisamos”, alegou ele. “Quando você olha para os navios subindo a costa deles às centenas, é um lugar movimentado.”
Embora Trump tenha cogitado tomar o controle da região no primeiro mandato, o assunto assumiu protagonismo quando retornou à Casa Branca, em 20 de janeiro. A mudança é estratégica: com a Groenlândia, os Estados Unidos passariam a ter acesso a rotas mais rápidas de navegação e controle de minerais de terras raras, como as da Ucrânia, além de recursos energéticos ainda inexplorados.
Trump reconheceu que a população local talvez não aceite a anexação ao mapa americano, mas ponderou: “Temos que fazer isso e convencê-los, e temos que ter a terra porque não é possível defender adequadamente uma grande parte desta Terra — não apenas os EUA — sem ela. Então temos que tê-la, e acho que a teremos”. Em declarações anteriores, ele prometeu adquirir a ilha “de uma forma ou de outra”.
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Pressão ‘inaceitável’
A Groenlândia é uma antiga colônia dinamarquesa e é um território desde 1953. A ilha ganhou alguma autonomia em 1979, quando seu primeiro parlamento foi formado, mas Copenhague ainda controla relações exteriores, defesa e política monetária e fornece quase US$ 1 bilhão por ano para sua economia. Em 2009, seus moradores ganharam o direito de declarar independência total por meio de um referendo, mas ainda há muita preocupação de que os padrões de vida cairiam sem o apoio econômico da Dinamarca.
O território, no entanto, é apenas uma das peças do novo imperialismo americano, já que o presidente dos EUA também considera assumir o Canal do Panamá, a Faixa de Gaza, o Canadá e o Golfo do México. No domingo, 23, primeiro-ministro da Groenlândia, Mute Egede, definiu a viagem de autoridades seniores americanas como “altamente agressiva”. Além de Vance e sua esposa, Usha, o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Michael Waltz, visitará a ilha.
As críticas foram endossadas pela primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen. Ela afirmou que “esta claramente não é uma visita que seja sobre o que a Groenlândia precisa ou quer” e que tanto a Groenlândia quanto a Dinamarca estão sendo alvo de “uma pressão inaceitável”. Outras autoridades locais também reclamaram da viagem, apontando que a ilha no Ártico havia acabado de realizar eleições parlamentares e que um novo governo nem sequer foi formado.
“O fato de os americanos estarem bem cientes de que estamos no meio de negociações mais uma vez mostra uma falta de respeito pelo povo da Groenlândia”, disse Jens-Frederik Nielsen, líder do partido Demokraatit, que venceu o pleito em 11 de março.
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