Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas reúne dados inéditos para orientar políticas públicas

Um novo levantamento divulgado pelo Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas (Obid) revelou que 38,6% dos apostadores no Brasil apresentam algum grau de risco para vício em jogos de apostas. O dado alarmante se torna ainda mais preocupante entre adolescentes de 14 a 17 anos, grupo em que esse índice sobe para 55,2%.
Um levantamento do Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas (Obid) revela que 38,6% dos apostadores no Brasil têm risco de vício, com destaque para adolescentes de 14 a 17 anos, onde o índice sobe para 55,2%. A pesquisa, lançada pelo Ministério da Justiça, também aponta que 10,5% dos adolescentes jogaram no último ano. O Sul lidera em apostas, seguido pelo Centro-Oeste. Sites de apostas online superam o jogo do bicho em popularidade. O estudo também aborda o uso de cigarros eletrônicos, que não ajudam a parar de fumar, e o aumento do consumo de opioides e calmantes, especialmente entre mulheres. O Obid visa subsidiar políticas públicas com dados confiáveis.
Os números fazem parte de um conjunto de pesquisas inéditas disponibilizadas pelo Obid, plataforma criada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública para centralizar dados sobre substâncias psicoativas e comportamentos de risco, subsidiando a formulação de políticas públicas. O lançamento oficial ocorreu nesta quarta-feira (26), em Brasília, com a presença do ministro Ricardo Lewandowski.
Além da vulnerabilidade dos adolescentes, o estudo revelou que, no último ano, 10,5% desse grupo jogou algum tipo de aposta, enquanto entre os adultos o índice foi de 18,1%. A região Sul do Brasil lidera o ranking de atividades de apostas, seguida pelo Centro-Oeste, Sudeste, Norte e Nordeste.
Outro dado relevante aponta que os sites de apostas on-line já superaram o tradicional jogo do bicho em popularidade, indicando a força da digitalização do setor e a facilidade de acesso às plataformas.
O levantamento também trouxe informações sobre o consumo de dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs), conhecidos como cigarros eletrônicos ou vapes. Os resultados mostram que esses produtos não cumprem o papel de auxiliar na cessação do tabagismo: 77,6% dos usuários afirmam que o uso não os ajudou a parar de fumar cigarros convencionais.
Os adolescentes novamente se destacam no consumo. Entre as jovens mulheres, 12% já usaram o dispositivo em algum momento da vida. Apesar da maior prevalência entre adolescentes, a idade média de experimentação dos vapes no Brasil é de 24 anos.
Nos últimos 30 dias, 31,8% dos jovens usuários afirmaram ter consumido cigarros eletrônicos, enquanto entre os adultos o percentual foi de 25,2%.
Outro dado divulgado durante o lançamento do Obid diz respeito ao aumento do consumo de analgésicos opioides, benzodiazepínicos (calmantes) e estimulantes no Brasil. O crescimento do uso dessas substâncias foi mais expressivo entre as mulheres.
O ministro Ricardo Lewandowski destacou a importância do observatório para a formulação de políticas públicas baseadas em evidências. “O Obid se encaixa nessa filosofia de compartilhar dados publicamente com a sociedade para que ela possa se integrar nessa luta e melhorar a situação não somente da segurança, mas também da saúde pública em nosso país”, afirmou.
Os dados apresentados fazem parte do Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad III), coordenado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) com financiamento da Secretaria Nacional de Política sobre Drogas e Gestão de Ativos (Senad). O estudo completo será divulgado em junho, durante a Semana Nacional de Políticas sobre Drogas.
A pesquisa analisou padrões de consumo de substâncias e comportamentos de risco em um grupo de 16 mil pessoas, entre adolescentes (14 a 17 anos) e adultos (a partir de 18 anos). O levantamento também inclui comparações com dados de 2006 e 2012, permitindo um panorama da evolução do consumo de substâncias no Brasil.
A secretária da Senad, Marta Machado, destacou que a ausência de dados estruturados sempre foi um desafio na formulação de políticas públicas. “O Obid vem preencher essa lacuna, reunindo e centralizando estudos e informações sobre drogas do ponto de vista da saúde, dos comportamentos, da justiça e da segurança pública, proporcionando conhecimento atualizado e confiável para gestores, pesquisadores e para toda a sociedade”, afirmou.
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