30 de março de 2025

Trump anuncia tarifas de 25% sobre carros importados

O presidente americano, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira, 26, que irá impor tarifas de 25% sobre carros importados para os Estados Unidos, de forma “permanente”, até o final de seu mandato. O imposto se aplica a carros e caminhões já montados que forem enviados a território americano e inclui até marcas americanas que são montadas no interior.

“Isso continuará a estimular o crescimento”, disse Trump a repórteres. “Nós efetivamente cobraremos uma tarifa de 25%”.

Com a medida, o governo espera arrecadar US$ 100 bilhões em receitas fiscais. O preço final para consumidores, no entanto, pode aumentar significativamente, já que metade de todos os veículos vendidos nos EUA vem de outros países.

As novas tarifas também podem pressionar a Europa a retaliar, visto que a indústria automotiva europeia já vem sofrendo abalos — a Alemanha, maior economia da Europa, por exemplo, envia aos EUA veículos de marcas como Volkswagen, Mercedes-Benz, BMW e Porsche. Quase um em cada três veículos da Porsche é exportado para os Estados Unidos, enquanto um em cada seis BMWs é enviado para lá.

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“Precisaremos avaliar a ação tomada pelos EUA e manter uma abordagem flexível para calibrar nossa resposta adequadamente”, disse Maros Sefcovic, comissário de comércio da Comissão Europeia, o braço executivo da União Europeia, em um discurso recente.

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Os carros, no entanto, são apenas um setor que enfrenta tarifas. Além dos impostos sobre aço e alumínio, os Estados Unidos estão planejando anunciar o que o governo chama de tarifas “recíprocas” na próxima quarta-feira.

“Vamos aplicar isso a todos os países (…) Acho que as pessoas ficarão muito surpresas. Será, em muitos casos, menor do que a tarifa que eles vêm nos cobrando há décadas. Então, acho que as pessoas ficarão muito, muito surpresas”, disse Trump nesta quarta-feira.

Em documento enviado ao Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês), o governo brasileiro alertou que a perspectiva de um tarifaço sobre o Brasil pode “prejudicar gravemente” a relação comercial entre os dois países. O instrumento funciona como uma forma de retaliação comercial: os Estados Unidos passarão a cobrar sobre importações estrangeiras o mesmo percentual de taxas que esses países aplicam sobre produtos americanos.

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Segundo o banco Bradesco, a tarifa média brasileira de importação para os Estados Unidos é de 11,3%, com alíquotas mais elevadas para bens de consumo e quase inexistentes para combustíveis. Em contrapartida, as tarifas aplicadas pelos americanos aos produtos brasileiros são significativamente mais baixas, com uma média de apenas 2,2%. No entanto, o ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), ressaltou que a tarifa efetivamente aplicada pelo Brasil no comércio com os Estados Unidos é de apenas 2,7% em média, abaixo do índice nominal de 11,3%.

No documento, que foi protocolado em 11 de março, o governo brasileiro estimou em US$ 7,4 bilhões (cerca de R$ 42,18 bilhões) o prejuízo com as tarifas, o que é equivalente ao superávit registrado pelos Estados Unidos com o Brasil no ano passado. O destaca que as taxas pesariam sobre a integração das cadeias produtivas entre os dois países e afetariam os negócios dos americanos.

“Os Estados Unidos desfrutaram de um superávit comercial consistente com o Brasil ao longo dos últimos 15 anos, acumulando um superávit total de US$ 160 bilhões em bens e mais de US$ 410 bilhões em bens e serviços, de acordo com as estatísticas dos EUA”, disse a declaração.

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