26 de março de 2025

Rejeitada por 94% da população, presidente do Peru…

A presidente do Peru, Dina Boluarte, pediu nesta terça-feira, 25, que eleições gerais sejam realizadas em 12 de abril de 2026, dizendo que esperava que a votação colocasse fim a um período de instabilidade. No cargo desde 2022, sua aprovação caiu para 3% pouco mais de um milhão de cidadãos — no ano passado, tornando-se a líder mais rejeitada das Américas, de acordo com uma pesquisa da Datum Internacional.

Boluarte assumiu a Presidência após seu antecessor, o ex-presidente Pedro Castillo, ter sido afastado do cargo. Seu mandato, marcado por sucessivas turbulências, termina em 2026.

Crises no executivo

Desde sua chegada ao Palácio do Governo há mais de dois anos, Boluarte preside um governo cheio de crises, incluindo o assassinato de pessoas que questionaram a legitimidade de sua administração, a participação de seu irmão em diversas instâncias governamentais e sua incapacidade de conter a forte onda de criminalidade no Peru. 

A primeira mulher a liderar o governo do Peru substituiu o ex-presidente Pedro Castillo, que foi preso em 2022 por tentar aplicar um golpe de Estado no país ao dissolver parcialmente o Congresso e convocar novas eleições. 

Em meio a altos índices de criminalidade, o Executivo decretou estado de emergência em diversos distritos do país no final de 2024, mas não conseguiu frear os casos de extorsão, assassinatos, sequestros e roubos. O Sistema de Informação de Óbitos (Sinadef) relatou em outubro passado que o número de homicídios em 2024 já havia ultrapassado os 1.431 registrados em todo o ano de 2023 no país. 

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Em protesto contra a violência generalizada, o sindicato dos transportes tem promovido greves para exigir que as autoridades tomem medidas efetivas contra onda de criminalidade. Boluarte, por sua vez, tentou deslegitimar as greves nacionais ao alegar que o movimento contava com a participação de supostos apoiadores do ex-presidente Castillo.

No fim de 2024, a rejeição a chefe de Estado atingiu 94%. Pesquisa da Datum Internacional também revelou que a desaprovação à gestão de Boluarte ultrapassa os 90% em todos os níveis socioeconômicos e faixas etárias do Peru, sendo a maior aprovação de 6% no nível socioeconómico E, bem como no leste do país. 

Escândalo dos relógios Rolex

Boluarte também tornou-se protagonista, no início do ano passado, de uma nova ópera bufa da política peruana: a espetaculosa invasão, sob mandato judicial, da residência particular dela e da ala particular do palácio presidencial em abril, em busca de pelo menos quatro relógios da marca Rolex identificados em seu pulso. A porta da casa foi arrombada por policiais da Divisão de Investigações de Alta Complexidade – um braço criado para casos de organizações criminosas estrangeiras, com agentes treinados pelos Estados Unidos.

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Outras fotos levantadas da presidente mostraram joias incompatíveis com seus rendimentos de funcionária de um cartório de registros até 2021, incluindo uma pulseira Cartier da coleção Love, aquela que simula uma algema com chave e parafusos. O modelo visto com ela, de ouro amarelo com 204 brilhantes cravejados, começa em US$ 52 mil.

A presidente reconheceu apenas ser dona de um Rolex, comprado com economias próprias há muito tempo. Mas um dos modelos identificados em seu pulso é um Oyster Perpetual Datejust 31, de ouro rosê e aço, lançado recentemente. Valor: mais de US$ 14 mil.

Tem quem se refira à “maldição que persegue os presidentes do Peru”. Mas os motivos não têm nada de paranormais: corrupção, instituições fracas e o que já foi chamado de hiperpartidarismo explicam a sucessão de cinco presidentes cassados ou catapultados do poder em seis anos. Resta saber se o novo pleito dará trégua ao ciclo.

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