As forças armadas da China estão mais preparadas do que nunca para cercar Taiwan, cortá-la do mundo e forçar a ilha à submissão. O eventual bloqueio configuraria um ato de guerra capaz de desencadear uma crise mundial.
Isso provocaria uma resposta militar por parte de Taiwan, obrigaria Trump a decidir se as forças militares dos EUA deveriam defender a ilha, interromperia o comércio global e levaria as nações europeias a impor duras sanções contra Pequim.
Fato é que as forças chinesas, fortalecidas por décadas de expansão, já demonstraram suas capacidades. Em exercícios cada vez mais complexos, elas têm simulado bloqueios à ilha.
Quanto mais a China se prepara, maior é o risco de Pequim decidir, sem aviso, transformar os exercícios em guerra. A China reivindica Taiwan como parte de seu território e não descarta o uso da força para retomá-lo.

Um bloqueio é uma das opções militares mais poderosas de Xi – fora uma invasão propriamente dita, que seria um grande desafio para as forças chinesas, ainda sem experiência em combate – para forçar a ilha a se submeter à autoridade de Pequim.
Os exercícios militares da China fornecem pistas sobre como Pequim executaria um bloqueio. Informações do Pentágono, de especialistas militares e de monitoramento por parte de Taiwan ajudam a entender como ele seria implementado e o nível de prontidão das forças chinesas.
A China possui diversas opções — jogos de guerra recentes realizados pelo presidente de Taiwan investigaram cerca de uma dúzia de versões de bloqueios ou ações similares — mas todas têm características comuns.
Aqui está como EUA, Taiwan e especialistas independentes sugerem que as forças chinesas — da marinha à milícia marítima civil — poderiam trabalhar juntas para isolar Taiwan.
Diariamente, a China demonstra elementos de seu crescente arsenal para um possível bloqueio. Um recorde de 125 aeronaves militares chinesas, incluindo caças, helicópteros e drones, participaram em outubro de exercícios marítimos e aéreos em larga escala que simularam um bloqueio a Taiwan, segundo o Ministério da Defesa da ilha.
Os militares chineses descreveram o evento como um treinamento de prontidão para combate, incluindo ataques marítimos e terrestres e bloqueios de portos. O Ministério da Defesa chinês e seu Escritório para Assuntos de Taiwan não responderam a perguntas sobre os planos de Pequim.
A China tem grandes meios para atacar Taiwan: sua força aérea conta com cerca de 1.900 caças e 500 bombardeiros, enquanto sua força de foguetes possui mais de 3.000 mísseis capazes de atingir Taiwan, segundo o Pentágono. O Ministério da Defesa de Taiwan recentemente destacou a guerra com drones como uma área crescente de capacidade chinesa e preocupação taiwanesa.
Nos cenários de bloqueio elaborados pelos EUA, Taiwan e outros, quando o ataque aéreo da China começa, sua marinha — a maior do mundo, com mais de 370 embarcações — já está em movimento.
O tamanho da frota reflete um crescimento contínuo. A China é líder mundial na construção naval, inclusive de navios militares. Em 2000, os EUA tinham mais navios militares, mas a China superou-os duas décadas depois. Espera-se que até 2030, a China tenha 425 navios militares, superando a frota americana em mais de um terço, segundo o Serviço de Pesquisa do Congresso.
Embora os porta-aviões chineses sejam considerados menos capazes do que os americanos, a China está se esforçando para diminuir essa diferença. Depois de adicionar seu segundo porta-aviões em 2019, espera-se que a China coloque um terceiro em serviço ainda este ano. Além disso, em sua frota de 59 submarinos, os seis submarinos nucleares equipados com mísseis balísticos estão todos designados para comandos que participariam diretamente em um conflito com a marinha taiwanesa, conforme o Pentágono.
O crescimento naval da China também aumentou seu alcance geográfico. Em exercícios realizados em dezembro, a China mobilizou mais de 90 embarcações navais e da guarda costeira, acompanhadas por milhares de militares, segundo autoridades taiwanesas. As embarcações surgiram em torno de Taiwan, nas águas ao redor do Japão e Coreia do Sul e no Mar do Sul da China.
Em outubro, a guarda costeira chinesa afirmou ter cercado totalmente Taiwan pela primeira vez — ilustrando esse marco com a publicação de um mapa que mostrava sua disposição em formato de coração ao redor da ilha.
A ciberguerra é outra área em que a China rapidamente ampliou suas capacidades, que seriam usadas em caso de bloqueio. Quase todos os grandes exercícios militares chineses perto de Taiwan são acompanhados por aumento significativo de ataques cibernéticos, segundo autoridades de Taiwan, e um bloqueio não seria diferente. Recentemente, incidentes envolvendo o corte de cabos submarinos de fibra óptica evidenciaram a vulnerabilidade da conexão de Taiwan à internet.
Uma Taiwan vulnerável
Taiwan depende de importações para 96% de sua energia (óleo estrangeiro, carvão e gás natural). Em um bloqueio, teria que depender de reservas estratégicas, submeter-se a Pequim ou enfrentar apagões. Além disso, importa cerca de 70% de seu suprimento alimentar, outro ponto fraco de segurança.
Com um bloqueio, a China poderia testar as defesas de Taiwan, sufocar sua economia e minar sua determinação de resistir.
Além do bloqueio, Pequim poderia implementar uma “quarentena”, interceptando embarcações que abastecem a ilha, causando menos danos às suas próprias rotas comerciais. Isso poderia começar com o anúncio de inspeções obrigatórias para navios que chegam a Taiwan, possivelmente no maior porto, Kaohsiung.
Além de sua numerosa frota, Pequim poderia penalizar empresas marítimas que não cumprissem, impedindo-as de acessar a China.
Defendendo a ilha
A possibilidade de os exercícios chineses virarem ataques reais preocupa autoridades taiwanesas. Recentemente, militares de Taiwan realizaram um treinamento de cinco dias para preparação imediata para guerra, e outro exercício próximo assumirá uma invasão em 2027 — ano que Xi estabeleceu para que suas forças armadas estejam totalmente prontas, segundo a inteligência americana.
Especialistas concordam que a China ainda não está pronta para uma invasão anfíbia pelo Estreito de Taiwan (177 km), devido a dificuldades geográficas e sistemas antimísseis adquiridos de aliados, como os EUA.
A posição do presidente americano sobre Taiwan desempenha um papel crucial nos cálculos de Pequim. A eventual resposta militar dos EUA permanece uma incógnita, especialmente dada a postura ambígua de Trump.
O cenário mais temido por Taiwan é o isolamento americano, com os EUA optando por se afastar completamente da questão.
Traduzido do inglês por InvestNews
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