25 de março de 2025

Uso frequente do ChatGPT pode aumentar a solidão, diz novo estudo da OpenAI e do MIT

Celular e solidão
Pesquisa da OpenAI e do MIT acompanhou o comportamento de mil usuários frequentes do ChatGPT durante um mês para avaliar o impacto da tecnologia no sentimento de solidão. Foto: GettyImages

O uso mais frequente de chatbots como o ChatGPT pode estar associado a um aumento na solidão e menos tempo gasto socializando com outras pessoas, de acordo com uma nova pesquisa da OpenAI em parceria com o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês).

Aqueles que passaram mais tempo digitando ou falando com o ChatGPT todos os dias tendiam a relatar níveis mais altos de dependência emocional e uso problemático do chatbot, além de níveis aumentados de solidão, de acordo com o estudo divulgado na sexta-feira (21). As descobertas fazem parte de um conjunto de pesquisas conduzidas pelas duas organizações e ainda não passaram por revisão de pares.

O lançamento do ChatGPT no final de 2022 ajudou a desencadear um frenesi em torno da inteligência artificial generativa. Desde então, as pessoas têm usado chatbots para tudo, de escrita de códigos de programação a sessões de terapia simuladas.

À medida que desenvolvedores como a OpenAI lançam modelos mais sofisticados e recursos de voz que os tornam melhores na imitação da forma como os humanos se comunicam, há, sem dúvida, mais potencial para a formação de relacionamentos parasociais com esses chatbots.

Metodologias

Para conduzir os estudos, os pesquisadores acompanharam quase mil pessoas durante um mês. Os participantes tinham uma ampla gama de experiências anteriores com o ChatGPT e foram aleatoriamente designados a usar uma versão apenas de texto ou uma das duas opções baseadas em voz para usar por pelo menos cinco minutos por dia. Alguns foram instruídos a realizar chats abertos sobre qualquer coisa que quisessem; outros, a ter conversas pessoais ou não pessoais com o serviço.

Os pesquisadores descobriram que pessoas que tendem a se envolver emocionalmente mais em relacionamentos humanos e que confiam mais no chatbot são mais propensas a se sentirem sozinhas e mais dependentes emocionalmente do ChatGPT. Os pesquisadores não encontraram evidências de que uma voz mais envolvente levasse a resultados mais negativos, disseram eles.

No segundo estudo, os pesquisadores usaram software para analisar 3 milhões de conversas de usuários com o ChatGPT e também realizaram pesquisas sobre como as pessoas interagem com o chatbot. Eles descobriram que muito poucas pessoas realmente usam o ChatGPT para conversas emocionais.

Impacto na saúde mental

Nos últimos meses, houve preocupações renovadas sobre os possíveis danos emocionais dessa tecnologia, especialmente entre usuários mais jovens e aqueles com problemas de saúde mental. A Character Technologies foi processada no ano passado após seu chatbot supostamente encorajar ideias suicidas em conversas com menores, incluindo um adolescente de 14 anos que tirou a própria vida.

A OpenAI, com sede em San Francisco, vê os novos estudos como uma maneira de entender melhor como as pessoas interagem com e são afetadas por seu popular chatbot.

“Alguns de nossos objetivos aqui têm sido realmente empoderar as pessoas para entender o que seu uso pode significar e realizar este trabalho para informar um design responsável”, disse Sandhini Agarwal, que lidera a equipe de IA confiável da OpenAI e é uma das co-autoras da pesquisa.

Mais estudos são necessários

As pesquisas na área ainda estão nos estágios iniciais e ainda é incerto quanto os chatbots podem causar sentimentos de solidão nas pessoas versus quanto podem exacerbar esses sentimentos em pessoas predispostas à solidão e dependência emocional.

Cathy Mengying Fang, co-autora do estudo e estudante de pós-graduação no MIT, disse que os pesquisadores estão cautelosos com as pessoas usando os resultados para concluir que um uso maior do chatbot necessariamente terá consequências negativas para os usuários.

O estudo não controlou a quantidade de tempo que as pessoas usaram o chatbot como fator principal, ela disse, nem comparou com um grupo de controle que não usa chatbots.

Os pesquisadores esperam que o trabalho leve a mais estudos sobre como os humanos interagem com a IA. “Focar na IA em si é interessante”, disse Pat Pataranutaporn, co-autor do estudo e pesquisador de pós-doutorado no MIT. “Mas o que é realmente crítico, especialmente quando a IA está sendo implantada em larga escala, é entender seu impacto nas pessoas.”

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