Ex-CEO da Abercrombie é acusado de estupro por mai…

Mike Jeffries, ex-CEO da varejista de roupas Abercrombie & Fitch (A&F), é acusado por mais de 40 homens de estupro, agressão sexual e de drogá-los para facilitar abusos. Os crimes teriam sido cometidos sob o pretexto de oferecer às vítimas oportunidades de trabalho como modelos. Algumas denúncias também envolvem ex-funcionários da marca, que relatam ter sido atacados durante o período em que trabalharam na empresa.

Detido em outubro sob suspeita de tráfico sexual, Jeffries agora enfrenta novas denúncias, que incluem coerção e abuso em festas promovidas por ele e seus cúmplices, segundo advogados ouvidos pela emissora britânica BBC. Brad Edwards, que representa 26 desses homens em um processo coletivo, estima que o número total de vítimas ultrapassa uma centena.

Jeffries nega todas as acusações feitas contra ele.

Festas, drogas e abusos

Investigações apontam que Jeffries e seus cúmplices recrutavam aspirantes a modelos e os convidavam para festas, onde forneciam drogas e os forçavam a performar atos sexuais. Muitos dos abusos ocorreram em eventos temáticos organizados pelo CEO e em viagens internacionais para países como França e Itália. Segundo a BBC, os crimes remontam à década de 1990, quando Jeffries entrou na Abercrombie.

Entre os relatos mais graves estão os de Brandon Steele e Joseph Sterling, ambos na faixa dos 20 anos na época. O primeiro afirmou que recebeu uma proposta para estrelar uma campanha publicitária em troca de favores sexuais. Ao recusar, foi demitido e, posteriormente, assediado novamente em um banheiro, onde diz ter sido violentado pelo ex-CEO.

O caso ganhou notoriedade após o documentário da BBC de 2023, The Abercrombie Guys: The Dark Side of Cool, revelar que várias vítimas assinaram acordos de confidencialidade para participar de festas de sexo supostamente organizadas por Jeffries. A partir da investigação, novas denúncias vieram à tona.

Agora com 80 anos, o ex-executivo está em prisão domiciliar enquanto enfrenta processos civis e criminais. Ele, seu parceiro, Matthew Smith, e seu faz-tudo James Jacobson foram detidos em outubro passado, mas liberados mediante fiança.

A Abercrombie & Fitch, que também é proprietária da marca Hollister, enfrenta processos por negligência em paralelo. Documentos judiciais alegam que a empresa sabia — ou deveria saber — das práticas abusivas de Jeffries, mas as ignorou para proteger sua imagem e seus lucros. A companhia declarou estar “horrorizada e enojada” com as denúncias contra o ex-CEO e reafirmou sua “tolerância zero” a qualquer tipo de abuso, assédio ou discriminação.

Jeffries deixou a Abercrombie em 2014, após um declínio na reputação da marca, e recebeu por isso uma indenização de US$ 25 milhões (cerca de R$ 66 milhões na cotação da época), conforme documentos corporativos.