25 de março de 2025

Após 2 anos de guerra com milícia, Exército do Sud…

O Exército do Sudão retomou o controle nesta sexta-feira, 21, do palácio presidencial de Cartum, capital do país, que era ocupado pelo grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (FAR), comandado por Mohamed Hamdan Dagalo, desde abril de 2023. A nação no Norte da África está mergulhada em um profundo caos político há quase dois anos, quando tensões entre o exército regular e paramilitares se transformaram em uma guerra civil aberta.

Vídeos que circulam nas redes sociais mostram militares, sorridentes, na entrada do Palácio Republicano, com rifles de assalto e lançadores de granada apontados para o alto. Sob gritos de “Deus é maior”, eles pisavam com suas botas nos ladrilhos quebrados da antiga residência presidencial, hoje parcialmente destruída. Trata-se de uma vitória simbólica para o Exército sudanês, apesar de o conflito estar longe do fim. No momento, as FAR ocupam uma série de territórios, incluindo a região de Darfur, no oeste do país.

“Hoje a bandeira está hasteada, o palácio está de volta e a jornada continua até que a vitória seja completa”, escreveu o ministro da Informação do Sudão, Khaled al-Aiser, comemorando o avanço do governo na guerra.

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Ganhos do Exército

Nos últimos meses, os militares tem obtido ganhos expressivos sob o comando do general Abdel-Fattah Burhan. Um porta-voz do Exército sudanês, Nabil Abdullah, anunciou que os soldados assumiram o comando do Palácio, dos prédios dos ministérios ao redor e do Mercado Árabe. Já o Aeroporto Internacional de Cartum, a poucos quilômetros de distância, tem sido controlado pelas FAR desde o início da guerra, em abril de 2023.

Suleiman Sandal, um político associado às FAR, minimizou o avanço do governo como parte de “altos e baixos” da história. Mais tarde, o grupo afirmou em comunicado que as suas forças “ainda estão presentes nas proximidades da área, lutando bravamente”. Um ataque de drones ao palácio, cuja autoria foi atribuída aos paramilitares, matou soldados sudaneses e jornalistas da televisão estatal.

Os combates reduziram Cartum a um campo de batalha urbano, enquanto os dois lados ainda brigam pelo controle da capital. Na região ocidental de Darfur – palco de uma campanha genocida no início da década de 2000 –, o conflito transformou-se em violência étnica. Segundo as Nações Unidas, as FAR, junto a milícias árabes aliadas, estão atacando minorias étnicas africanas. A Unicef, agência da ONU para a infância, considera a situação no país a pior catástrofe humanitária do mundo.

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O conflito

Os combates eclodiram no dia 15 de abril de 2023, envolvendo as unidades do Exército leais ao general Abdel Fattah al-Burhan, chefe do Conselho Soberano do governo de transição do Sudão, e as Forças de Apoio Rápido (FAR), lideradas pelo general Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido como Hemedti, que é vice-chefe do Conselho.

Foram os primeiros confrontos do tipo desde que os dois grupos uniram forças para derrubar o autocrata islâmico Omar al-Bashir, em 2019. A violência começou por causa de um desacordo sobre a integração dos paramilitares nas Forças Armadas, como parte de uma transição para o regime civil, para acabar com a crise político-econômica provocada por um golpe militar em 2021. As Forças de Apoio Rápido acusaram o Exército de atacá-los primeiro.

Até agora, as tentativas da comunidade internacional em mediar o conflito não surtiram efeito. Pelo menos nove acordos de cessar-fogo foram assinados, mas todos foram rompidos. Enquanto isso, a escassez de alimentos, água, medicamentos e combustível piorou devido à interrupção das rotas comerciais, o que também fez subir os preços de todos os bens básicos.

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