O Ministério da Saúde palestino identificou nesta quinta-feira, 20, que uma mulher grávida de sete meses e seu filho pequeno estavam entre os mais de 400 palestinos, a maioria mulheres e crianças, mortos em ataques aéreos israelenses lançados contra Gaza dois dias antes, que marcaram a retomada da ofensiva no enclave após um cessar-fogo de dois meses.
Afnan al-Ghanam, de 20 anos, teve seu primeiro filho durante a guerra, há 13 meses, e estava prestes a dar à luz novamente. Ela e seu filho, Mohammed, viviam em Al-Mawasi, um acampamento para famílias deslocadas, que foi atingido por bombardeios na terça-feira 17. Embora a região tenha sido designada como uma zona humanitária há muito tempo, o local foi alvo de diversos ataques durante a guerra.
Alaa Abu Helal, marido de al-Ghanam e pai de Mohammed, estava em Rafah quando o incidente aconteceu. Ele havia voltado à cidade para visitar a casa de sua família, que foi danificada durante guerra. Ao chegar em Al-Mawasi, encontrou sua esposa e filho mortos.
“Este é o banco de alvos deles”, declarou Abu Helal, enquanto segurava o corpo de Mohammed, envolto em pano ensanguentado, no necrotério do Hospital Nasser, na cidade de Khan Younis, no sul do enclave. “Ele nasceu durante a guerra em condições difíceis e foi também martirizado na guerra.”
“Você foge durante a guerra para manter sua família e filhos seguros. Mas então, aqui, ele está morto”, continuou. “Todos eles estão mortos.”
Retomada da guerra
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou na terça-feira que os intensos bombardeios ao território palestino, que fizeram colapsar o cessar-fogo firmado em janeiro, são “apenas o começo”. Os ataques, segundo ele, continuarão até que o governo israelense alcance os seus objetivos na guerra em Gaza: erradicar o grupo terrorista palestino Hamas e libertar todos os reféns, mantidos em cativeiro desde 7 de outubro de 2023.
+ Bombardeios israelenses matam 70 em Gaza e exército inicia operação terrestre
Na quarta-feira, pelo menos 13 pessoas foram mortas por bombardeios israelenses no território palestino, incluindo dois funcionários das Nações Unidas. Já na terceira noite consecutiva de ataques a Gaza, nesta quinta-feira, pelo menos 70 palestinos foram mortos e dezenas ficaram feridos.
Futuro de Gaza
A retomada dos ataques é um trágico retrato de semanas de estagnações nas negociações para iniciar a segunda fase do acordo de cessar-fogo, que previa a libertação dos mantidos em cativeiro e a saída total das tropas israelenses da Faixa de Gaza. Não saiu do papel. Com trocas de farpas, Israel e Hamas acusavam-se mutuamente de violar os termos da trégua, revelando a fragilidade do pacto.
A primeira fase levou, ao longo de seis semanas, à troca de 25 reféns israelenses vivos e os restos mortais de outros oito, em troca da libertação de cerca de 1.800 palestinos detidos e em prisões de Israel. Também permitiu a entrada de ajuda humanitária no enclave e o retorno da população local às suas casas no norte de Gaza.
Bibi mostrou oposição consistentemente a qualquer fim permanente da guerra em Gaza, em parte devido a um cálculo político doméstico. Impopular, com vantagem de apenas dois votos no Parlamento, ele se desdobra para agradar aos partidos radicais religiosos que sustentam sua coalizão e são contra concessões em Gaza em meio a intensas pressões, inclusive dos Estados Unidos, para pôr fim ao conflito que se estende por mais de um ano e já matou, em números oficiais, quase 50 mil palestinos.
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