Por margem estreita, a Câmara dos Deputados da Argentina aprovou nesta quarta-feira, 19, um decreto do presidente Javier Milei para um novo acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). A sessão de quase cinco horas foi acalorada, com trocas de gritos e insultos entre governistas e a oposição.
A votação terminou com placar de 129 votos a favor do Decreto de Necessidade e Urgência (DNU), 108 contrários e 6 abstenções. Para que fosse aprovado, era necessário conquistar uma maioria simples — ou seja, metade dos presentes mais um.
“Um acordo está sendo alcançado com o FMI sem que haja uma crise na Argentina”, disse o presidente do bloco La Libertad Avanza e último a discursar, Gabriel Bornoroni. “Estamos em uma excelente posição para negociar com o FMI. Ontem, no comitê DNU, ouvimos os Secretários de Estado darem suas explicações. Houve alguns kirchneristas que tentaram impedir a decisão.”
Embora empréstimos no exterior precisem ser aprovados pela Câmara e pelo Senado, o ultraliberal adotou uma polêmica estratégia e aplicou um decreto presidencial para o DNU. Assim, as duas Casas precisariam rejeitá-lo para que fosse derrubado. Ou seja, com o aval da Câmara dos Deputados, já obteve aprovação.
Espera-se que o novo acordo com o FMI, com prazo de pagamento de dez anos, viabilize um fluxo de assistência financeira ao país, que precisará, em troca, investir em reformas estruturais e medidas para estabilizar a economia. Mas a Argentina de Milei tem somado boas notícias nos últimos tempos.
O país registrou um superávit fiscal de 1 bilhão de dólares em fevereiro, alcançando o seu 13° superávit mensal desde que Milei chegou à Casa Rosada. A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgou nesta terça-feira, 18, um ranking sobre previsão de crescimento anual dos países para 2025, com a Argentina ocupando o segundo lugar da lista, atrás apenas da Índia.
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Protestos no país
Enquanto a votação ocorria, um novo protesto se organizava do lado de fora, uma semana após manifestantes serem dispersados com truculência pelos policiais. Com o “Chega de reprimir os aposentados, as aposentadas e a imprensa”, saíram às ruas da Argentina. O ato, que teve participação massiva de torcedores de futebol e da Confederação Geral do Trabalho (CGT), teve início pacífico, mas terminou em confusão quando policiais tentaram desbloquear uma rua ocupada pelos manifestantes.
A polícia usou balas de borracha e gás lacrimogêneo, assim como canhões de água. Em resposta, torcedores e manifestantes atiraram paus, latas e tentaram atingir os policiais, que se defenderam com seus escudos. Mais de 100 pessoas foram presas, 45 ficaram feridas e um trabalhador da imprensa foi hospitalizado, com quadro de saúde considerado grave.
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