Executivos da Minerva, a maior exportadora de carne bovina da América do Sul, disseram nesta quinta-feira (20) que a companhia conseguirá reduzir a dívida neste ano e no próximo após pagar por uma grande aquisição.
Analistas estão preocupados há algum tempo com os níveis de dívida da empresa após a Minerva anunciar um acordo para pagar cerca de 7,5 bilhões de reais por alguns ativos da concorrente Marfrig.
A operação ocorre em uma fase em que o frigorífico controlado pela família Vilela de Queiroz vem buscando formas de gerir seu passivo após assumir o compromisso pela compra de 16 fábricas da Marfrig na América do Sul.
Não é de hoje que a empresa vem lutando contra dívidas.
No último balando da empresa, referente ao 4º trimestre, divulgado nesta quarta-feira (19), a companhia registrou prejuízo líquido de R$ 1,567 bilhão no quarto trimestre de 2024, uma reversão do lucro de R$ 19,8 milhões comparando com o mesmo período de 2023.
O Ebitda – lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização – consolidado da processadora de alimentos foi de R$ 943,7 milhões no período, crescimento de 55,8% ano a ano, embora a margem Ebitda tenha recuado 1 ponto percentual, para 8,8%.
Em novembro de 2024, a VDQ Holdings, veículo de investimento da família fundadora da Minerva Foods, os Vilela de Queiroz, lançou uma operação para levantar R$ 705 milhões para “aquisição de participações societárias”.
No documento enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a holding não deixa claro qual tipo de aquisição seria. Hoje, o único investimento da VDQ é na Minerva. A holding dos Vilela de Queiroz foi procurada, mas ainda não respondeu.
Segundo informações, a operação da VDQ seria feita pela emissão de notas comerciais, com remuneração de CDI + 3,60% ao ano, com vencimento previsto para 15 de novembro de 2029.
Em agosto do ano passado, Edison Ticle, CFO da Minerva afirmou que a companhia estudaria os diversos mecanismos de dívida no mercado de capitais para baratear o empréstimo-âncora de R$ 6 bilhões feito pelo JP Morgan para viabilizar a operação. Desde então, a empresa fez emissão de debêntures e bonds no exterior para dar conta do financiamento.
A Minerva encerrou o terceiro trimestre de 2024 com dívida líquida de R$ 7,4 bilhões, com alavancagem de 2,6 vezes a dívida líquida pelo lucro operacional (Ebitda). Os dados consideram apenas a entrada de R$ 1,5 bilhão dada à Marfrig e ainda não computou os outros R$ 5,7 bilhões que a empresa precisou pagar no fim de outubro.
No fluxo de pagamento de dívidas da Minerva, tirando o acordo com a Marfrig, a maior despesa está prevista para o terceiro trimestre de 2025, com R$ 1,92 bilhão a pagar — em todo o ano que vem, a empresa precisará quitar R$ 3,8 bilhões.
*Com informações de Rikardy Tooge.
More Stories
Movida controla alavancagem e traça estratégia para novo ciclo de juros
Natura anuncia reorganização e promove dança das cadeiras no comando
Apple troca os cargos de liderança de IA em busca da ressurreição da Siri