

O Federal Reserve (Fed) decidiu, nesta quarta-feira (19), manter a taxa básica de juros nos Estados Unidos inalterada na faixa de 4,25% a 4,50%, conforme esperado pelo mercado. Apesar disso, as autoridades do banco central americano ainda preveem uma redução total de 0,50 ponto percentual até o final deste ano, mesmo em um cenário de crescimento econômico mais fraco e projeções de inflação revisadas para cima.
Considerando o anúncio de novas tarifas pelo governo Donald Trump, os dirigentes do Fed elevaram suas projeções para a inflação em 2025, de 2,5% para 2,7% – patamar ainda mais longe dos 2% perseguidos pela autoridade monetária. Paralelamente, a projeção de crescimento econômico para este ano nos EUA foi reduzida de 2,1% para 1,7%, com expectativa de taxa de desemprego ligeiramente maior.
A decisão sobre a política monetária revelou significativa divergência entre os membros do comitê. Das 19 autoridades, nove esperam que a taxa esteja na faixa de 3,75% a 4,00% até o final do ano (indicando dois cortes), quatro preveem apenas um corte, outras quatro defendem nenhuma redução, e duas acreditam que três cortes seriam apropriados. Esta dispersão reflete as incertezas sobre como as políticas comerciais e outras medidas do governo Trump afetarão a economia real.
A projeção mediana indica que, até o final de 2026, a taxa de juros estará 0,50 ponto percentual mais baixa, em 3,4%. Entretanto, os próprios membros do Fed enfatizaram grande incerteza em relação a suas projeções, com a maioria apontando níveis de imprevisibilidade acima do normal para cada uma de suas estimativas.
Efeito Trump
O presidente Donald Trump anunciou recentemente tarifas abrangentes sobre importações do Canadá, México e China, com taxas adicionais sobre outros países e produtos esperadas para 2 de abril.
As autoridades do Fed reconhecem que essas tarifas provavelmente elevarão os preços no curto prazo, embora permaneça incerto se isso resultará em inflação persistentemente mais alta. A instituição prometeu ajustar sua política monetária com base no impacto global das medidas de Trump, que também incluem cortes nos gastos e impostos federais, desregulamentação e restrições à imigração.
As preocupações dos investidores de que essas medidas possam provocar uma desaceleração econômica, possivelmente acompanhada de inflação elevada, têm alimentado quedas no mercado de ações nas últimas semanas.
A postura de vigilância do Fed fica evidente nas projeções: 18 das 19 autoridades indicaram preocupação com a possibilidade de a inflação ser mais forte que o esperado, enquanto todos, exceto um membro, expressaram apreensão quanto à possibilidade de o crescimento econômico ser menor do que o previsto.
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