14 de março de 2025

Prevfogo antecipa planejamento de combate aos incêndios no Pantanal

Prevfogo antecipa planejamento de combate aos incêndios no Pantanal
Marina Gattass: area para pouso de helicópteros, saída por água e próximo ao aeroporto internacional. (Fotos: Divulgação/Ibama)

O cenário climático no Pantanal, em 2025, não se difere dos anos anteriores, avalia Márcio Yule, coordenador do Prevfogo/Ibama em Mato Grosso do Sul. Poucas chuvas, temperaturas elevadas, baixa umidade e um detalhe a mais e preocupante: a velocidade do vento tem aumentado. Elementos suficientes para provocar os grandes incêndios florestais, que tem destruído o bioma durante o longo período de seca – e dificultado o seu controle.

O Prevfogo, coordenado por Márcio Yule, está antecipando o planejamento de combate a incêndios no Pantanal devido ao aumento da velocidade do vento e condições climáticas adversas. A base da Brigada Pronto Emprego Pantanal, em Corumbá, será reestruturada para operar até 2028, com mais brigadistas e equipamentos. A estratégia inclui ações integradas com o governo estadual, ONGs e fazendeiros, além de queimas prescritas e capacitação de brigadas voluntárias. A prevenção é prioridade, com foco na educação ambiental e manejo do fogo, já que o cenário de chuvas irregulares e déficit hídrico persiste.

Com a experiência de 30 anos no setor e vivenciando os anos atípicos e mudanças dos períodos de início do fogo, Yule começou a reestruturar a base da Brigada Pronto Emprego Pantanal, que há dois anos está instalada no Parque Municipal Marina Gattass, na Rodovia Ramon Gomez (MS-428), saída de Corumbá para a fronteira com a Bolívia. Com mais brigadistas e equipamentos, a base vai operar de forma permanente até 2028.

Prevfogo antecipa planejamento de combate aos incêndios no Pantanal
Márcio Yule destaca ações integradas com o Estado e apoio de Ongs e dos fazendeiros

O parque sem uso público é estratégico para o Ibama. Facilita o deslocamento fluvial (está situado na margem do Canal do Tamengo, que deságua no Rio Paraguai, ao lado da captação de água de Corumbá) e conta com sala de situação e monitoramento em tempo real, por meio de plataforma de gestão de incêndios florestais, que também detecta automaticamente os focos de calor. São 11 câmeras de alta resolução instaladas em várias regiões do bioma.

Chuvas são irregulares

A antecipação do planejamento, segundo Yule, é mais que necessário; é questão de precaução diante de situações vividas anteriormente. Ao analisar o comportamento do Rio Paraguai e o volume de chuvas, considera prudente se preparar a partir de agora para o pior. Além da base, o coordenador do Prevfogo iniciou levantamentos nas reservas indígenas dos Kadiwéu, Guató e Terena, em Porto Murtinho, Corumbá, Miranda e Aquidauana, para preparação das brigadas.

Prevfogo antecipa planejamento de combate aos incêndios no Pantanal
Helicóptero transporta veículo para o combate ao fogo na fronteira com a Bolívia, no ano passado

“O rio (Paraguai) de agora está ganhando somente do ano passado, que foi o pior do século com a cota negativa de 69 centímetros”, observa. “As chuvas têm sido irregulares, temos regiões alagadas e outras no seco. Estamos com déficit de água no Pantanal, lençol freático baixo, o que chover não vai resolver o problema da escassez. Por isso, temos que agir logo e integrar nossas forças com os parceiros de sempre, governo estadual, ongs, pantaneiros.”

As brigadas do Prevfogo vêm aumentando de ano a ano, passando de 143, em 2023, para 172, em 2025, as quais não atuam apenas nas áreas indígenas e parques nacionais. Também reforçam a força-tarefa montada pelo Corpo de Bombeiros. Este ano, a preocupação do Prevfogo é manter, a partir de junho, uma base fixa com 15 brigadistas na reserva dos Guató, situada na fronteira com a Bolívia e divisa do Estado com Mato Grosso, a 350 km de Corumbá.

Prevfogo antecipa planejamento de combate aos incêndios no Pantanal
Nova base do Prevfogo em Corumbá melhorou a logística no deslocamento rápido dos brigadistas

Não existe fogo zero

Neste local, no ano passado, ocorreu um dos combates mais dramáticos. O fogo que devastou 17% da Floresta Chiquitana, no lado boliviano, avançava para a fronteira, ameaçando a aldeia e o complexo da Serra do Amolar. Márcio Yule conta que foi um confrnto direto e intenso, onde 60 homens enfrentaram calor extremo, atoleiros, poeira em suspensão e a exaustão. “A solução foi abrir um aceiro de 35 km na fronteira, na motosserra e no facão”, lembra ele.

O Prevfogo vai iniciar também a queima prescrita (técnica onde se utiliza o fogo de forma controlado para reduzir o risco de incêndios) em algumas áreas críticas, como terras indígenas e parques, e trabalhar na prevenção, atuando com o Estado na capacitação das brigadas voluntárias das fazendas. Estas, segundo o coordenador, tem atuado na frente, não deixando o fogo se expandir e se tornar incontrolável. “Reduzimos tempo, custo e menos destruição”, diz.

Ainda sem uma definição do que poderá gastar na base do Marina Gattass – depende da aprovação do orçamento da União -, com novos alojamentos, mais viaturas e aeronaves de grande porte de combate a incêndios florestais, Márcio Yule defende a prevenção como prioridade. “O manejo do fogo é cada vez mais necessário, não existe fogo zero. Precisamos trabalhar a educação ambiental, com ações articuladas, envolver as comunidades”, propõe.

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