O governo dos Estados Unidos está avaliando estratégias para reforçar sua presença militar no Panamá, atendendo ao desejo do presidente Donald Trump de “recuperar” o Canal do Panamá. Segundo autoridades americanas ouvidas pela emissora NBC News, as opções vão desde um fortalecimento da cooperação com as forças panamenhas até a possibilidade — considerada improvável — de tropas tomarem a hidrovia à força.
A ordem para que os militares desenvolvam alternativas foi emitida após Trump declarar, em um discurso ao Congresso na semana passada, que pretende “recuperar” o controle do canal, transferido ao Panamá em 1999. No entanto, a Casa Branca não esclareceu o que significa, na prática, essa “recuperação” da via navegável. O objetivo central da iniciativa seria reduzir a influência da China na região.
O Comando Sul dos EUA, liderado pelo almirante Alvin Holsey, apresentou recentemente planos preliminares ao secretário de Defesa, Pete Hegseth, que deve visitar o Panamá no próximo mês. A estratégia do governo inclui um aumento da presença militar no país, um esforço para retomar o controle estratégico da hidrovia e garantir que navios americanos tenham prioridade de passagem.
Autoridades panamenhas, no entanto, negam qualquer interferência estrangeira no canal. O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, já declarou que seu governo administra a hidrovia de forma independente e não cedeu qualquer controle à China.
Presença chinesa
A presença chinesa no Panamá tem sido uma preocupação constante para Washington, que acusa o país de tentar obter influência sobre a hidrovia estratégica.
Pequim investiu em projetos de infraestrutura próximos ao canal por meio da iniciativa do Cinturão e Rota do presidente Xi Jinping para aproximar a China de países na região.
No ano passado, a então comandante do Comando Sul dos EUA, general Laura Richardson, alertou que os investimentos chineses na região poderiam servir a interesses militares no futuro. Segundo ela, instalações construídas por empresas estatais chinesas poderiam ser convertidas rapidamente em pontos estratégicos para o Exército Popular de Libertação. O governo chinês classificou as acusações como “pressão e coerção” por parte dos EUA.
Histórico de domínio americano
O Canal do Panamá, construído pelos EUA entre 1904 e 1914, foi administrado pelos americanos até 1999, quando foi entregue ao Panamá sob um tratado assinado pelo presidente Jimmy Carter. Desde então, Washington tem buscado manter sua influência sobre a hidrovia, que continua sendo vital para o comércio global.
Atualmente, cerca de 200 soldados americanos operam no Panamá, trabalhando em conjunto com as forças locais para combater ameaças internas e garantir a segurança da região. No entanto, o governo Trump busca expandir essa presença. Embora uma ação militar direta seja considerada improvável, fontes próximas ao governo indicam que Trump deseja uma demonstração de força na região.
More Stories
Cessar-fogo na Ucrânia pode acontecer em dias — se…
Trump intensifica guerra e ameaça tarifas de 200%…
Terremoto atinge Nápoles e reacende temores sobre…