Queda na confiança do consumidor afeta gigantes do…

A incerteza econômica impulsionada pelas políticas comerciais voláteis do presidente dos EUA, Donald Trump, está fazendo com que os norte-americanos cortem gastos considerados não essenciais – como turismo e lazer.

Diante deste cenário, três gigantes companhias aéreas do país – American Airlines, United Airlines e Delta Air Lines – alertaram para uma queda na demanda por voos domésticos.

O impacto já se reflete nas finanças das empresas: nesta terça-feira, 11, a American Airlines revisou para baixo suas projeções de receita e lucro para o primeiro trimestre, sinalizando tempos turbulentos para a indústria da aviação.

O enfraquecimento da demanda por viagens aéreas é mais um sinal de que a economia dos EUA pode estar entrando em uma fase de desaceleração.

O índice de confiança do consumidor, medido pelo Conference Board, registrou no mês passado sua maior queda desde agosto de 2021, com a perspectiva de curto prazo dos consumidores para a economia caindo abaixo do nível que normalmente sinaliza uma recessão.

Essa desaceleração é um dos sinais mais evidentes de que as políticas protecionistas de Trump estão corroendo a confiança de consumidores e empresas.

As tarifas impostas pelo presidente contra importantes parceiros comerciais deixaram o mercado apreensivo, com reflexos na redução do consumo e na retração da demanda por viagens aéreas.

A American Airlines atribuiu seu desempenho abaixo do esperado à queda na procura por viagens de lazer e ao impacto da colisão aérea de um de seus voos sobre Washington no final de janeiro.

A empresa agora espera uma receita estável em relação ao ano anterior e projeta um prejuízo ajustado entre 60 e 80 centavos por ação – uma revisão significativa em relação à previsão anterior de crescimento de 3% a 5% na receita e perda ajustada de 20 a 40 centavos por ação.

O CEO da United Airlines, Scott Kirby, também apontou sinais de enfraquecimento na demanda e afirmou que a empresa se prepara para “tempos econômicos mais difíceis”.

Segundo ele, os cortes nos gastos do setor público – que representam cerca de 2% da receita da companhia – já impactam diretamente a venda de passagens.

Além disso, a empresa notou uma “grande queda no tráfego de canadenses para os EUA”, reflexo da deterioração das relações entre os dois países após Trump impor tarifas sobre importações canadenses, provocando retaliação de Ottawa.

Já a Delta Air Lines reforçou que o cenário de incerteza econômica está levando tanto consumidores quanto empresas a reavaliar seus gastos com viagens.

O CEO da companhia, Ed Bastian, declarou que a cautela crescente dos consumidores pode estar relacionada às preocupações com comércio, tarifas e mudanças na política econômica. Segundo ele, esse comportamento tem se intensificado nos últimos meses.

Na manhã desta terça-feira, as ações da American Airlines caíram 0,5%, enquanto as da Delta recuaram 3,4%, após chegarem a despencar mais de 12% no pregão estendido de segunda-feira. Já os papéis da United tiveram leve alta de 0,5%.