Manhã chuvosa em Roma e um grupo de 30 jovens americanos da cidade de Minneapolis trocou passeios tradicionais, como visitar a Fontana di Trevi ou o Coliseu, para fazer algo espiritualmente elevado. Eles foram acolhidos no Centro San Lorenzo, que fica a poucos passos do Vaticano, para rezar. As meninas usam saia e têm cabelos compridos; os meninos, camisa com gola polo e tênis. Por serem menores de idade, não foram autorizados a conceder entrevista, mas cantaram e rezaram com entusiasmo durante a presença de VEJA na missa desta manhã, quarta-feira, 12.
O local foi doado pelo papa João Paulo II (1920-2005), em 2018, como um esforço complementar à criação da Jornada Mundial da Juventude, evento que reúne milhares em torno do pontífice em sessões de catequese e acontece a cada cinco anos. A próxima edição será na Coreia do Sul, em 2027.
Na capital da Itália, os jovens têm um lugar de apoio para socializar, fazer refeições, conhecer amigos de outros países e orar. Se não fosse pelo apelo religioso, poderia ser confundido com um hostel. Tem pufes, pôsteres, violão, estantes feitas de skate. Mas não há dormitórios, é um ponto de conforto diurno.
“O jovem busca uma experiência radical com Deus, algo único e autêntico. Aqui é a casa deles”, disse a VEJA Esteban Gómez, coordenador do Centro San Lorenzo, que recebe os visitantes falando em várias línguas.
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Dentro do centro, existe uma capela de tijolos construída no século XII bastante modesta se comparada às basílicas papais. Ela remonta a um período em que a cidade ainda estava se recuperando da queda do Império Romano e começava a crescer como um centro de poder religioso. Dentro dela, em um lugar de destaque e recentemente restaurada, há uma cruz de madeira de cerca de 2 metros de altura entregue aos jovens pelo papa João Paulo II, em 1984. Ela simboliza, em Roma, a evangelização da juventude católica. A igreja é tão associada com o tema que a Via Crucis da San Lorenzo é feita com fotografias de adolescentes rezando e carregando a relíquia.


“O Jubileu dos Jovens vai ocorrer entre 28 de julho e 3 de agosto e será um marco importante para esse público, abordando questões como diversidade, inclusão, crise climática, guerras e responsabilidade social”, informa o Vaticano.
O momento especial coincide com a canonização de Carlo Acutis, jovem criado em Milão, conhecido por sua habilidade para promover a fé usando a tecnologia. Ele é conhecido como o Santo Millennial, pois era muito ativo nas redes sociais e encontrou uma forma moderna de falar de Deus.
Acutis morreu em 2006, com 15 anos, vítima de leucemia. Ele foi beatificado em 2020 e, em julho do ano passado, o papa Francisco anunciou a sua canonização para 2025, após reconhecer dois milagres praticados por ele (o brasileiro Matheus Viana foi curado de pâncreas anular, quando o tecido do órgão circunda o duodeno, causando problemas digestivos).

“Estamos numa era moderna, é muito importante que a comunicação da Igreja seja feita pelas redes sociais e sites. Estou feliz de estar aqui fazendo parte disso”, diz Nathan Dupuis, 21, estagiário francês que cuida da comunicação do Centro San Lorenzo.
Com o Jubileu dos Jovens e a canonização de Carlo Acutis à vista, Roma se transforma não só na capital do cristianismo, mas também em um ponto de encontro global para uma geração que busca respostas para os desafios do mundo moderno. Como o papa João Paulo II uma vez disse, “A juventude é a esperança da Igreja”, e em cada sorriso, oração e canção, fica claro que o futuro da fé está com eles.
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