Direto do hospital Gemelli, onde está internado há 22 dias, o papa Francisco enviou uma mensagem aos participantes da peregrinação do Movimento pela Vida, uma rede global de organizações que defende a dignidade humana e promove o apoio a mulheres grávidas em dificuldades. O texto foi lido durante uma missa que aconteceu neste sábado, 8, na Basílica de São Pedro, conduzida pelo Cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano.
Na mensagem, o Santo Padre reforçou a importância de defender e proteger a vida em todas as suas fases. “Ao longo desses cinquenta anos, embora alguns preconceitos ideológicos tenham diminuído e os jovens tenham desenvolvido uma maior sensibilidade para o cuidado da criação, infelizmente, a cultura do descarte se espalhou. Portanto, há uma necessidade crescente de pessoas de todas as idades que se dediquem concretamente ao serviço da vida humana, sobretudo quando ela se encontra mais frágil e vulnerável”, registrou Francisco.
O papa destacou ainda que “a vida humana é sagrada”, “criada por Deus com um destino grande e belo”, e acrescentou que “uma sociedade justa não se constrói eliminando os nascituros indesejados, os idosos que já não são autônomos ou os doentes incuráveis”.
Neste 8 de março, dia em que é celebrado o Dia Internacional da Mulher, o papa lembrou que devemos refletir sobre a importância de apoiar as mulheres, para que possam sempre contar com o apoio da comunidade civil e eclesial, para que possam dar à luz a vida, sem receios ou pressões.
Leia a mensagem completa abaixo:
Mensagem do Santo Padre, pronunciada pelo Cardeal Secretário de Estado, Pietro Parolin, aos participantes da peregrinação do Movimento pela Vida
Queridas irmãs e queridos irmãos do Movimento pela Vida!
Agradeço por se lembrarem de mim em suas orações. Muito obrigado de coração! Saúdo a todos vocês, em especial a presidente, Senhora Marina Casini, e os membros da diretoria.
Conheço o valor do serviço que vocês prestam à Igreja e à sociedade. Além da solidariedade concreta, vivida com proximidade e acolhimento às mães que enfrentam uma gravidez difícil ou inesperada, vocês promovem a cultura da vida em seu sentido mais amplo. E buscam fazê-lo com franqueza, amor e perseverança, unindo inseparavelmente a verdade e a caridade para com todos. Guiam-se, nisso, pelos exemplos e ensinamentos de Carlo Casini, que fez do serviço à vida o centro de seu apostolado laical e de seu compromisso político.
A ocasião que os reúne em Roma é significativa: o quinquagésimo aniversário do Movimento pela Vida, cujo primeiro embrião foi o Centro de Ajuda à Vida, fundado em Florença, em 1975. Desde então, esses centros se multiplicaram por toda a Itália. Além deles, surgiram as Casas de Acolhida, os serviços SOS Vida, o Projeto Gemma e os Berços pela Vida. Inúmeras iniciativas foram empreendidas para promover, em todos os níveis da sociedade, a cultura do acolhimento e dos direitos humanos. Por isso, incentivo vocês a continuarem protegendo socialmente a maternidade e acolhendo a vida humana em todas as suas fases.
Ao longo desses cinquenta anos, embora alguns preconceitos ideológicos tenham diminuído e os jovens tenham desenvolvido uma maior sensibilidade para o cuidado da criação, infelizmente, a cultura do descarte se espalhou. Portanto, há uma necessidade crescente de pessoas de todas as idades que se dediquem concretamente ao serviço da vida humana, sobretudo quando ela se encontra mais frágil e vulnerável. Isso porque a vida é sagrada, criada por Deus para um destino grande e belo; e porque uma sociedade justa não se constrói eliminando os nascituros indesejados, os idosos que já não são autônomos ou os doentes incuráveis.
Queridas irmãs e queridos irmãos, vocês vieram de várias partes da Itália para renovar, mais uma vez, o seu “sim” à civilização do amor, conscientes de que libertar as mulheres das pressões que as levam a não dar à luz seus filhos é um princípio fundamental para a renovação da sociedade civil. Está claro para todos que, hoje, a sociedade se estrutura com base nas categorias do possuir, do fazer, do produzir e do aparentar. Seu compromisso, em sintonia com o de toda a Igreja, aponta para um projeto diferente, que coloca a dignidade da pessoa no centro e prioriza os mais frágeis. O concebido representa, por excelência, todos os homens e mulheres que não têm valor aos olhos do mundo, que não têm voz. Colocar-se ao lado deles significa ser solidário com todos os excluídos da sociedade. E é o olhar do coração, que os reconhece como parte de nós, que impulsiona esse compromisso.
Continuem apostando nas mulheres, em sua capacidade de acolher, de ser generosas e corajosas. As mulheres precisam contar com o apoio de toda a comunidade civil e eclesial, e os Centros de Ajuda à Vida podem se tornar um ponto de referência para todos. Agradeço-lhes pelas páginas de esperança e ternura que ajudam a escrever na história e que permanecerão para sempre: elas já geram e continuarão a gerar muitos frutos.
Que o Senhor os abençoe e a Virgem Santa os proteja. Confio em cada um de vocês, seus grupos e sua missão à intercessão de Santa Teresa de Calcutá, presidente espiritual dos Movimentos pela Vida em todo o mundo. E não se esqueçam de rezar por mim. Obrigado.
Roma, Policlínico Gemelli, 5 de março de 2025
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