O Kremlin condenou nesta quinta-feira, 6, o que chamou de um discurso “extremamente confrontacional” do presidente da França, Emmanuel Macron, no qual ele chamou a Rússia de ameaça à Europa, caracterizou a guerra na Ucrânia como um “conflito global” e disse que Paris consideraria colocar outros países sob sua proteção nuclear.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que os comentários do líder francês sinalizam sua inclinação em dar continuidade à guerra na Ucrânia.
“O discurso foi de fato extremamente confrontacional. Dificilmente poderia ser percebido como um discurso de um líder que estava pensando em paz”, disse ele, acrescentando que Macron omitiu fatos importantes e não mencionou as “preocupações e medos legítimos” da Rússia, sobre a expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para o leste, em direção às suas fronteiras.
“Em vez disso, pelo que foi dito, pode-se concluir que a França está pensando mais em guerra, em continuar a guerra”, completou.
O ex-presidente russo Dmitry Medvedev, antes visto como um modernizador, mas agora conhecido por sua postura linha-dura, também rejeitou o discurso do presidente francês — chamando-o ironicamente de “Micron” — e disse que Paris não representa nenhuma ameaça.
“Ameaça à França e à Europa”
Sob o comando de Macron, a França forneceu armas à Ucrânia e disse que está preparada para considerar o envio de soldados para compor uma força de manutenção de paz e ajudar a garantir a implementação de qualquer acordo com a Rússia. Moscou afirmou que a presença de militares de países-membros da Otan seria inaceitável.
Em um discurso nacional na quarta-feira, o presidente francês caracterizou a Rússia como “uma ameaça à França e à Europa”, descreveu a guerra na Ucrânia como um “conflito global” e disse que iniciaria discussões sobre a extensão do guarda-chuva nuclear de seu país aos aliados europeus.
A Rússia e os Estados Unidos continuam sendo as maiores potências nucleares do mundo, cada uma com mais de 5 mil ogivas. Depois, vêm a China, com cerca de 500, a França, com 290, e o Reino Unido, com 225, de acordo com a Federação de Cientistas Americanos.
Autoridades russas argumentam que, apesar da retórica dura de líderes europeus nos últimos dias, falta apoio militar real à Ucrânia. Eles apontam os ganhos da Rússia no campo de batalha como evidência. Nesta quinta-feira, chefes de Estado da União Europeia se reuniram em Bruxelas para uma cúpula emergencial que discutirá um novo pacote de assistência militar para os ucranianos e garantias de segurança num eventual pós-guerra.
Kiev e seus aliados ocidentais acusam o líder russo, Vladimir Putin, de perseguir uma apropriação de terras ao estilo imperial, obtendo o controle de quase 20% do território de seu país, incluindo a Crimeia e partes do leste e sul.
Putin, no entanto, retrata a guerra como uma briga histórica contra o Ocidente, acusando os Estados Unidos e seus aliados europeus de humilhar a Rússia após o colapso da União Soviética em 1991 ao expandir a Otan e invadir o que ele vê como a esfera de influência de Moscou, incluindo a Ucrânia.
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