O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, declarou nesta terça-feira, 4, que a reunião na Casa Branca na semana passada com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, “não ocorreu como deveria”, mas que, apesar do momento “lamentável”, a Ucrânia está pronta para se sentar à mesa de negociações.
“Gostaria de reiterar o compromisso da Ucrânia com a paz”, disse Zelensky em publicação no X, antigo Twitter. “Nenhum de nós quer uma guerra sem fim. A Ucrânia está pronta para sentar-se à mesa de negociações o mais rápido possível para trazer uma paz duradoura mais perto. Ninguém quer a paz mais do que os ucranianos. Minha equipe e eu estamos prontos para trabalhar sob a forte liderança do presidente Trump para obter uma paz duradoura”.
+ O que muda na guerra com decisão drástica de Trump sobre Ucrânia
Sobre a reunião em Washington, Zelensky disse que o encontro “não ocorreu como deveria” e que é “lamentável que tenha acontecido dessa forma”. “É hora de consertar as coisas. Gostaríamos que a cooperação e a comunicação futuras fossem construtivas”, reforçou.
O ucraniano disse ainda que seu país está pronto para assinar um acordo sobre minerais com os Estados Unidos, que deveria ter sido assinado na sexta-feira, após a desastrosa reunião no Salão Oval.
Mediante o acordo, os Estados Unidos e a Ucrânia estabeleceriam um fundo de investimento de reconstrução para coletar e reinvestir receitas de fontes ucranianas, incluindo minerais, hidrocarbonetos e outros materiais extraíveis. Kiev contribuiria para o fundo com 50% da receita, subtraindo despesas operacionais, até que as contribuições atinjam a soma de 500 bilhões de dólares.
Washington, por sua vez, estabeleceria um compromisso financeiro de longo prazo para o desenvolvimento de uma “Ucrânia estável e economicamente próspera”. Mas a constrangedora discussão entre Trump e Zelensky, que teve palco no Salão Oval, na Casa Branca, arruinou os planos.
Suspensão de ajuda militar
A fala de Zelensky acontece poucas horas depois de o governo de Donald Trump ordenar a suspensão do envio de auxílio militar dos Estados Unidos à Ucrânia. A pausa é uma maneira do presidente americano pressionar o líder ucraniano a aceitar negociações para encerrar a guerra com a Rússia. Segundo a Bloomberg e a Fox News, a pausa deve durar até que fique claro para Trump que Zelensky está comprometido em firmar um acordo de paz.
“Isso não é o fim permanente da ajuda, é uma pausa”, disse um funcionário do governo Trump à Fox News.
+ Zelensky desrespeitou os EUA e não está pronto para paz, diz Trump após reunião conturbada
Nesta segunda, Trump criticou Zelensky por dizer que acredita que o fim da guerra “ainda está longe, muito longe”. Nas redes sociais, o republicano afirmou que “é a pior declaração que poderia ter sido feita por Zelensky, e os EUA não vão tolerar isso por muito mais tempo”.
Desde o início da guerra, em fevereiro de 2022, o governo americano gastou cerca de 183 bilhões de dólares em apoio aos ucranianos, segundo o Pentágono — outras estimativas, como a do think tank alemão Kiel Institute, calculam que o valor gira em torno de 120 bilhões de dólares, enquanto o próprio Trump alega que mais de 350 bilhões foram gastos com a guerra durante a presidência de Joe Biden.
Em contrapartida, líderes europeus estão correndo para aumentar seus próprios gastos militares e fornecer suporte alternativo para Kiev, incluindo um plano para enviar tropas para apoiar qualquer cessar-fogo, embora digam que ainda precisam de alguma forma de apoio dos EUA.
More Stories
Asilados em embaixada na Venezuela cobram ação de…
Brasileiros relatam dificuldades durante apagão em…
Correria por mantimentos esvazia supermercados em…