Governador Eduardo Riedel luta por gás argentino para não perder arrecadação do GASBOL que está caindo

O gasoduto Porto Murtinho – Campo Grande surge como uma solução estratégica para a interligação entre Argentina e Brasil via Paraguai, representando o trecho brasileiro do projeto de interligação transnacional.
O projeto do gasoduto Porto Murtinho – Campo Grande visa conectar Argentina e Brasil via Paraguai, facilitando o transporte de gás natural argentino para o Brasil e integrando o Paraguai ao mercado energético sul-americano. Com 392 km de extensão, o gasoduto atravessará 11 municípios de Mato Grosso do Sul, aproveitando parte da infraestrutura do GASBOL. O projeto enfrenta desafios socioambientais e construtivos, mas promete substituir gradualmente o gás boliviano, com potencial de transportar até 15 milhões de metros cúbicos de gás por dia. O custo estimado é de US$ 2 bilhões, com o gás argentino chegando a um preço competitivo. Estudos e financiamentos ainda são necessários para viabilizar a construção.
Os dados foram divulgados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE). O Campo Grande News teve acesso com exclusividade a edição mais recente do Plano Indicativo de Gasodutos de Transporte (PIG), um documento estratégico para o planejamento e expansão da infraestrutura de gás natural no Brasil.

A proposta, ainda em fase de avaliação pelos países envolvidos, faz parte de um projeto maior idealizado pelo Paraguai, que busca viabilizar o transporte de gás natural argentino ao Brasil, aproveitando parte da infraestrutura já existente, como o gasoduto GASBOL, que liga o Brasil à Bolívia.
O projeto tem como objetivo não só facilitar a passagem do gás argentino para o Brasil, mas também permitir que o Paraguai, que até hoje não tem acesso ao gás natural, se integre ao mercado sul-americano de energia.
O Paraguai busca atrair investimentos e incentivos para viabilizar esse projeto, que passaria por seu território, conectando a estação de medição em Porto Murtinho/MS à estação de compressão de Campo Grande, já em operação no Brasil.
Cabe ressaltar, que na semana passada, o governador Eduardo Riedel (PSDB), demonstrou preocupação com a queda na arrecadação do GASBOL, para uma plateia da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul).
“Estamos perdendo receita. Já são 23% do GASBOL. Menos da metade e caindo”. Por conta disso, a possibilidade de garantir o gás argentino pode mudar completamente o cenário atual, a curto prazo.
O traçado – Com 392 km de extensão e 20 metros de largura, o gasoduto Porto Murtinho – Campo Grande atravessaria 11 municípios do estado de Mato Grosso do Sul: Porto Murtinho, Caracol, Bela Vista, Jardim, Guia Lopes da Laguna, Nioaque, Anastácio, Dois Irmãos do Buriti, Sidrolândia, Terrenos e Campo Grande.
Nos últimos 29 km, o projeto compartilharia a faixa de servidão com o GASBOL, facilitando o uso da infraestrutura já construída.
A escolha do traçado foi influenciada por fatores como a minimização de interferência em unidades de conservação, a utilização das rodovias existentes e a viabilidade de seguir paralelo ao GASBOL, permitindo a integração com a malha de gasodutos já em operação no Brasil.

O projeto também leva em consideração a necessidade de reduzir a supressão de vegetação e otimizar o uso de áreas de apoio e canteiros de obras, respeitando o meio ambiente e as comunidades locais.
No entanto, a construção do gasoduto enfrentaria diversos desafios, tanto do ponto de vista socioambiental quanto construtivo.
O traçado passaria por áreas de pastagem, soja, florestas e savanas, afetando também unidades de conservação, como a Área de Proteção Ambiental (APA) da Sub-Bacia do Rio Apa, em Caracol. Além disso, o projeto teria que respeitar o afastamento mínimo de 250 metros de cavidades naturais e lidar com a proximidade de assentamentos rurais e comunidades.
A travessia de terrenos de relevo montanhoso entre Caracol e Porto Murtinho representa um dos maiores desafios, além de áreas com complexidade geotécnica, como as planícies e terraços fluviais próximos ao município de Porto Murtinho. A necessidade de realizar furos direcionais em cursos d’água, como no Rio Miranda, também impõe desafios técnicos à implementação do projeto.

Outro fator importante para a viabilidade do projeto é a interseção com linhas de transmissão de alta tensão e processos minerários ao longo do trajeto, o que exigirá estudos detalhados para minimizar impactos.
Números – O gasoduto foi projetado para transportar até 15 milhões de metros cúbicos de gás por dia, com uma pressão de projeto de 100 kgf/cm² e diâmetro de 32 polegadas, similar ao gás transportado pelo GASBOL. Este projeto não prevê a construção de estações de compressão ao longo do trajeto, mas, caso se confirmem volumes maiores de gás, como os provenientes de Vaca-Muerta, na Argentina, o sistema poderá ser expandido sem a necessidade de duplicação ou construção de loops adicionais.
O dimensionamento termofluido-hidráulico, realizado por simulações, indicou que não há restrições para o escoamento do gás, o que permite um fluxo contínuo de gás argentino para o Brasil, com o potencial de substituir gradualmente a oferta de gás proveniente da Bolívia, à medida que as expectativas em relação à produção boliviana diminuem.
Desafios – Embora o gasoduto Porto Murtinho – Campo Grande represente uma solução alternativa importante, seus custos são substanciais, especialmente devido à extensão do trajeto e ao uso de tubos de grande diâmetro (32 polegadas).
A construção e montagem do gasoduto, embora representem uma parte significativa dos custos, não são consideradas extremamente onerosas, devido à predominância de terrenos rurais e ao compartilhamento de parte do traçado com o GASBOL.
Além disso, o projeto pode funcionar em conjunto com outras soluções de aumento do intercâmbio de gás argentino para o Brasil, como a importação de gás liquefeito de Vaca Muerta, proporcionando maior segurança no suprimento de gás e evitando falhas nas entregas à malha integrada brasileira.

Futuro – Mato Grosso do Sul criou grupo de estudos com o governo paraguaio para a construção de um novo gasoduto de 1.050 km, que transportará gás natural da reserva de Vaca-Muerta, na Argentina, atravessando o Chaco paraguaio até Campo Grande.
Este ramal se conectará ao Gasbol (Gasoduto Brasil-Bolívia) e terá um custo estimado de US$ 2 bilhões. O gás argentino poderá chegar a um custo de US$ 8 a 10 dólares por milhão de BTU, valor inferior aos 13 dólares pagos pelo gás boliviano.
De acordo com o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck, ainda é preciso fazer o trecho de Salta (Argentina) para a Bolívia.
“Teria que fazer uma reversão do fluxo do gasoduto. O Brasil tem capacidade de importar de Vaca-Muerta, via Bolívia, o gasoduto de 30 milhões de m³. Ele já deve ser utilizado esse ano. A partir desse ponto, 796 km que viriam de Salta, passando por todo Chaco paraguaio, na área de domínio da Rota Bioceanica, entraria em porto murtinho e de lá conectaria com Campo Grande”, explicou.
No estudo que será feito pelo grupo está planejado colocar 20 milhões de m³ nos dutos. “É um gasoduto de grande porte e elevado investimento. O Paraguai tem disposição de consumir 10 milhões m³ e de disponibilizar 10 milhões ao TBG de Mato Grosso do Sul. Isso tem que ter discussão do preço de gás e volume de gás, para ficar rentável aos países”.
As autoridades ainda acreditam que se o estudo der certo, ainda haverá a necessidade de buscar um financiador para sua implementação.
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