O Hamas entregou à Cruz Vermelha na noite desta quarta-feira, 26, os corpos de quatro reféns israelenses que foram sequestrados e levados a Gaza durante o ataque a Israel em outubro de 2023. Em troca, Israel libertou dezenas de palestinos da prisão de Ofer, que foram levados por um ônibus da Cruz Vermelha.
A informação da libertação dos reféns havia sido confirmada mais cedo pelo porta-voz do grupo palestino, Abdul Latif al-Qanou, e pelo governo israelense. A troca faz parte da primeira fase do frágil cessar-fogo mediado por Estados Unidos, Catar e Egito, que busca encerrar 15 meses de conflito na Faixa de Gaza.
Os reféns mortos foram identificados como Tsachi Idan, Itzik Elgarat, Ohad Yahalomi e Shlomo Mantzur. A entrega foi feita sem cerimônias públicas, uma mudança em relação às solturas anteriores promovidas pelo Hamas, criticadas por Israel e por organizações de direitos humanos.
Crise na troca de prisioneiros
Desde o início da trégua, o Hamas já devolveu reféns vivos e corpos de sequestrados que morreram no cativeiro. No entanto, a negociação tem sido marcada por desconfiança e tensões.
No último sábado 22, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ordenou o adiamento da libertação de 602 prisioneiros palestinos, alegando que o Hamas submeteu os reféns a tratamento humilhante antes da soltura. Segundo o governo israelense, os cativos foram forçados a participar de cerimônias encenadas, que incluíam gestos de despedida e interações forçadas com membros do Hamas. A Cruz Vermelha e autoridades da ONU também avaliaram que as cerimônias foram humilhantes para os reféns.
O Hamas respondeu acusando Israel de violar o acordo e declarou que não avançará para a próxima fase das negociações até que todos os palestinos previstos sejam soltos.
Segunda fase
O cessar-fogo, mediado por Estados Unidos, Catar e Egito, previa a entrega de 33 reféns, vivos ou mortos, em troca da libertação de quase 2.000 prisioneiros palestinos. A primeira fase do acordo está prevista para expirar neste sábado, 1º de março, após 42 dias de trégua.
A segunda etapa prevê a libertação total dos reféns e a retirada completa das tropas israelenses da Faixa de Gaza. No entanto, com o prazo da primeira fase chegando ao fim, o governo israelense já sinalizou que está preparado para retomar os combates caso não haja avanços concretos.
Diante do impasse, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enviou seu representante para o Oriente Médio, Steve Witkoff, para tentar destravar a segunda fase do acordo. No entanto, as conversas não avançaram. O governo israelense deu indícios de que pretende apenas estender a primeira fase, para garantir a libertação de mais reféns sem se comprometer com negociações sobre o futuro de Gaza nem com a retirada completa do seu exército de lá.
Terror continua
Enquanto isso, Israel realizou nesta quarta-feira o enterro de uma mãe e seus dois filhos pequenos, mortos em cativeiro na Faixa de Gaza. Shiri Bibas, de 9 meses, e seu irmão Ariel, de 4 anos, foram entregues ao governo israelense como parte do acordo de cessar-fogo. Autoridades de Tel Aviv dizem que evidências forenses indicam que as crianças foram mortas por seus sequestradores em novembro de 2023. O Hamas, no entanto, diz que a família morreu junto com seus guardas em um ataque aéreo israelense.
O conflito entre Israel e Hamas começou após o ataque do grupo palestino ao sul de Israel, em 2023, que matou cerca de 1.200 pessoas e sequestrou aproximadamente 250 reféns. Desde então, a ofensiva militar israelense já matou mais de 48.000 palestinos, segundo autoridades de saúde de Gaza. O Ministério da Saúde administrado pelo Hamas afirma que mais da metade das vítimas eram mulheres e crianças. A guerra devastou a infraestrutura do território e forçou o deslocamento de 90% da população.
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