Os Estados Unidos se abstiveram da própria resolução na ONU para marcar os três anos da guerra na Ucrânia nesta segunda-feira 24, após uma queda de braço com países europeus sobre a falta de um apoio claro a Kiev no texto. Trata-se de uma vitória para a Europa, que reclama estar sendo excluída pelo presidente dos EUA, Donald Trump, que tem privilegiado as discussões com a Rússia, nas negociações para o fim do conflito.
A Ucrânia, junto a países europeus, apresentou uma proposta de emenda à resolução americana, apelando para que uma série de observações fosse acrescentada ao documento. Entre elas estavam referências à “invasão em grande escala da Ucrânia pela Federação Russa” e à necessidade de uma paz “justa, duradoura e abrangente”, seguindo a Carta da ONU, além do apoio das Nações Unidas à soberania e integridade territorial da Ucrânia (ainda em 2022, o presidente russo, Vladimir Putin, anexou as regiões ucranianas Donetsk, Luhansk, Zaporizhzhia e Kherson ao mapa russo).
A declaração com a nova linguagem foi aprovada pela Assembleia Geral da ONU, mesmo sem o apoio dos EUA, por 93 votos a favor, oito contra e 73 abstenções. Ao mesmo tempo, a resolução da Ucrânia também foi adotada por 93 votos a favor, 18 contra e 65 abstenções. Além de EUA, Rússia, Coreia do Norte, Belarus e Sudão votaram contra o documento.
No texto, Kiev demanda que as forças russas saiam “do território da Ucrânia dentro de suas fronteiras internacionalmente reconhecidas” e define as hostilidades como “guerra”, palavra que não aparece nas propostas dos EUA e da Rússia. Na semana passada, Trump culpou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pelo confronto e disse que era “agir rápido ou não terá mais um país”. Dias antes, o republicano havia declarado que a Ucrânia “pode ser russa um dia”.
+ Os custos materiais e humanos da guerra na Ucrânia, três anos depois
Contenda EUA-Ucrânia
No sábado, um memorando foi enviado aos postos diplomáticos americanos para orientar que cada chefe de missão se envolvesse com “os governos anfitriões nos níveis mais altos possíveis” para convencê-los a apoiar a resolução dos EUA e a não aceitar a proposta da Ucrânia, argumentando que a alternativa de Kiev “não promove o objetivo dos Estados Unidos de alcançar uma paz duradoura”. Os diplomatas também foram instruídos a vetar as sugestões de emendas da Rússia, que tratava sobre “causas raízes” do conflito, de acordo com a emissora americana NBC News.
Washington e Kiev têm trocado críticas desde o retorno de Trump à Casa Branca. De um lado, o republicano definiu Zelensky como “ditador” e o culpabilizou pela guerra; do outro, o presidente da Ucrânia aumentou as críticas aos EUA pela aproximação com Putin. Entre os dois lados da guerra, o líder americano escolheu conversar primeiro com o russo sobre as negociações para o fim do confronto, levantando críticas do ucraniano por ter sido deixado em segundo plano.
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