O cirurgião Joël Le Scouarnec enfrenta julgamento nesta segunda-feira, 24, no que já considerado o maior escândalo sexual da França. O médico de 74 anos enfrenta acusações por violentar 299 pessoas, principalmente pacientes crianças, ao longo de décadas. A média de idade das vítimas é de 11 anos na época do crime. O caso acontece poucos meses após Dominique Pelicot ser considerado culpado por drogar, estuprar e convidar dezenas de homens para violentarem sua esposa, Gisèle, por anos.
“O réu admite responsabilidade pela grande maioria dos atos” pelos quais foi acusado, disse o advogado de Le Scouarnec, Maxime Tessier, no primeiro dia de julgamento, que se estenderá por quatro meses, no tribunal criminal de Morbihan, em Vannes, na região da Bretanha.
Caso condenado, Le Scouarnec pode pegar até 20 anos de prisão. A pena se somaria aos 15 anos que ele já está cumprindo após ter sido considerado culpado de estupro e agressão sexual infantil em 2020. O caso teve início em 2017, quando Le Scouarnec teve a casa revistada pela polícia pela primeira vez, depois de ser acusado de estuprar uma vizinha de 6 anos.
Na ocasião, foram encontrados diários eletrônicos que narravam décadas de abuso, além de bonecas sexuais e pornografia infantil. As descobertas levaram o cirurgião a ser condenado a 15 anos de prisão por violentar a vizinha, duas sobrinhas e uma paciente, na época com 4 anos, em 2020.
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As revelações foram apenas o início das investigações contra o médico, hoje acusado de estupro agravado e agressão sexual contra 158 homens e 141 mulheres. Muitas das vítimas estavam anestesiadas no momento do crime. Mas, apesar de estarem sob efeito de medicamentos durante o abuso, elas apresentaram sintomas de estresse pós-traumático, de acordo com psiquiatras citados nos documentos judiciais.
Ele recebeu uma pena suspensa de quatro meses de prisão em 2005, quando foi condenado por posse de pornografia infantil. Ainda assim, conseguiu um emprego como cirurgião no hospital público de Quimperle no ano seguinte. Embora o comportamento estranho de Le Scouarnec tenha sido relatado por um psiquiatra à gerência do hospital ainda em 2006, o cirurgião continuou a atender crianças. O caso aumenta as críticas contra o sistema de saúde público da França, já que, apesar do seu histórico, o médico trabalhou em hospitais até 2017.
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