Israel tem usado serviços de gigantes de tecnologia dos Estados Unidos, incluindo Inteligência Artificial (IA), para rastrear e matar em maior escala supostos membros do grupo radical Hamas, mas também elevando o número de civis mortos, revelou uma investigação da agência de notícias Associated Press, divulgada nesta quarta-feira, 19. Entre as empresas, estão Microsoft, Amazon, Google e OpenAI, dona do ChatGPT.
A reportagem apontou que os laços israelenses com as líderes de tecnologia dos EUA são de longa data, abrangendo também a fabricação de armas personalizadas. Mas a guerra entre Israel e Hamas aproximou ainda mais os dois polos. Segundo a investigação, o uso de tecnologias da Microsoft e da OpenAI “disparou” desde o início do conflito, num aumento de quase 200 vezes em março do ano passado em comparação a uma semana antes dos ataques de 7 de outubro.
Além disso, o número de dados armazenados pela Microsoft dobrou até julho de 2024 para mais de 13,6 petabytes, ao passo que o uso dos bancos de servidores da Microsoft pelos militares também aumentou em quase dois terços nos dois primeiros meses da guerra. O envolvimento com o confronto contraria as normas da empresa, que diz “respeitar os direitos humanos é um valor fundamental” e “defender o papel positivo da tecnologia em todo o mundo”.
Outras empresas, como Google e Amazon, também disponibilizam serviços de armazenamento em nuvem e modelos de inteligência artificial para as tropas israelenses. Trata-se do “Projeto Nimbus”, um contrato de US$ 1,2 bilhão assinado em 2021. Além delas, as Forças de Defesa de Israel (FDI) utilizaram centro de dados da Cisco e da Dell. A Red Hat, uma subsidiária da multinacional de tecnologia IBM, forneceu recursos de nuvens aos militares, ao passo que a Palantir Technologies tem uma “parceria estratégica” com Israel para a guerra.
+ Israel iniciará negociações sobre segunda fase de cessar-fogo, confirma ministro
Importância da IA
Modelos de IA são fornecidos pela OpenAI e pela plataforma de nuvem Azure da Microsoft. A Microsoft tem sido a maior investidora da OpenAI. A empresa-mãe do ChatGPT, por sua vez, negou à Associated Press qualquer parceria com Israel e destacou que sua política de uso proíbe que seus produtos sejam usados para desenvolver armas, destruir propriedades ou prejudicar pessoas. No entanto, os termos, alterados há um ano, permitem que “casos de uso de segurança nacional que se alinhem com nossa missão”.
As FDI usam o Microsoft Azure para compilar informações coletadas para transcrição e tradução de ligações e textos, disse um oficial militar israelense à AP. Os dados são, então, cruzados com sistemas internos de tecnologia de Israel. O uso de inteligência artificial comercial, contudo, pode ser perigoso. A Open AI já reconheceu que seus modelos de tradução podem inventar textos, adicionar comentários raciais e retórica violenta. Seria preciso que um tradutor de árabe, por exemplo, verifique as traduções. Mas um oficial de Inteligência de Israel afirmou à agência que testemunhou erros em operações que dependiam de IA para a conversão para o hebreu.
More Stories
Justiça dos EUA ordena reintegração de funcionário…
Trump quer ‘recuperar’ Canal do Panamá e ordena pl…
Meghan Markle revela ritual noturno com príncipe H…