O papa Francisco, internado em um hospital em Roma com uma pneumonia bilateral, teve uma noite “tranquila”, comunicou o Vaticano nesta quarta-feira,19. O pontífice está internado no hospital Gemelli de Roma desde 14 de fevereiro. Segundo a Santa Sé, ele descansou, acordou e tomou café da manhã.
A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, fez uma visita. “Estou muito feliz por tê-lo encontrado alerta e responsivo”, disse a líder italiana. “Brincamos como sempre. Ele não perdeu seu proverbial senso de humor.”
Na tarde de terça-feira 18, o Vaticano divulgou que Francisco, de 88 anos, enfrenta um quadro de pneumonia bilateral. A doença que afeta os dois pulmões de uma vez é uma infecção grave que pode inflamar e cicatrizar, dificultando a respiração.
“Os exames laboratoriais, a radiografia do tórax e as condições clínicas do Santo Padre continuam a apresentar um quadro complexo”, afirmou o diretor de comunicação do Vaticano, Matteo Bruni, dizendo que o novo diagnóstico exige “uma terapia medicamentosa adicional”.
Francisco foi hospitalizado para tratar uma bronquite que se desenvolveu para uma infecção polimicrobiana das vias respiratórias. Na segunda-feira, o Vaticano havia informado que o quadro clínico do pontífice é “complexo”, depois do diagnóstico da infecção. Apesar da atualização, a condição do papa, de 88 anos, é “estável”.
A VEJA, fontes próximas de Francisco informaram que a situação continua delicada. “Ele está consciente, com a cabeça boa, mas a respiração está bastante frágil. O quadro é preocupante, principalmente pela idade dele”, disseram.
Por que o quadro é complexo?
A bronquite se caracteriza pela inflamação dos brônquios, tubos que levam o ar da traqueia até as estruturas do pulmão responsáveis por absorver o oxigênio inspirado. Quando o quadro se estabelece, o órgão fica mais inchado e produz secreções, o que dificulta a respiração. A inflamação aguda dos brônquios, que pode durar até algumas semanas, ocorre, geralmente, devido a infecções por vírus e bactérias que causam lesões nas células pulmonares.
Além da própria idade avançada do papa, parte da complexidade do quadro se dá pelo fato de que, aos 21 anos, ele desenvolveu pleurisia e precisou remover parte de seu pulmão direito. Além disso, Francisco também já teve outros graves problemas de saúde e ainda tem dificuldades de locomoção, o que pode ser um fator limitante para sua recuperação.
+ Internação de papa Francisco faz parte de longo histórico de problemas de saúde
Em 1980, ele precisou remover de emergência a vesícula biliar devido a uma infecção. Anos depois, em julho de 2021, já alçado ao posto de papa, Francisco passou por uma cirurgia para remover 33 centímetros do cólon por causa de um quadro de diverticulite, uma dolorosa inflamação no sistema digestório que voltou em 2023. No mesmo ano, ele foi operado novamente, dessa vez por conta de uma hérnia abdominal que causava obstruções intestinais fulminantes.
+ Mesmo no hospital, papa Francisco continua trabalhando
Francisco sofre também há anos de ciática, uma condição crônica que causa dores na região lombar, do quadril e nas pernas. Em dezembro de 2020, uma crise o impediu de presidir as celebrações de Ano-Novo, marcando a primeira vez que problemas de saúde o afastaram de grandes eventos religiosos.
As dificuldades de deslocamento também o forçaram a cancelar viagens ao Líbano, à República Democrática do Congo e ao Sudão do Sul em 2022, embora tenha conseguido visitar os dois países africanos no ano seguinte. Atualmente, o papa utiliza uma cadeira de rodas ou bengala para se locomover.
Recentemente, também sofreu duas quedas: uma em dezembro do ano passado, que o deixou com um hematoma feio no queixo, e outra em janeiro, que machucou seu braço.
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