Paulo Bomfim conviveu com Anita Malfatti que pintou seu rosto em 1946, para a capa de seu primeiro livro, Antonio Triste, com prefácio de Guilherme de Almeida. Mário de Andrade frequentou sua casa na Vila Buarque quando ele era menino e ao vê-lo, certa vez, com seis anos de idade, caminhando com a mãe pelo antigo Viaduto do Chá, cujo piso era de madeira, brincou e disse: “Vamos precisar de você para entregar cartas aos soldados na batalha constitucionalista”. Paulo diz que ficou eufórico com o convite e passou a pedalar intensamente seu triciclo. “Eu acreditava que aquilo me deixaria forte a ponto de começar logo a fazer as entregas”. Poucos anos depois Mário foi a uma festa de Ano – Novo da família e tudo parecia meio desanimado. “Foi então que ele puxou um cordão pela sala, as tias na frente e eu criança no fim da fila e ficamos todos alegres ao final.” Outra coisa que o poeta disse não esquecer foi o dia em que Mário de Andrade morreu. “O velório aconteceu na casa dele, na Rua Lopes Chaves e Leonor Aguiar, uma mulher inteligentíssima que declamava russo, entrou com uma roupa e quando se aproximou do caixão resolveu trocar. Tirou o vestido, ficou de combinação na frente do morto e de todos os presentes e colocou outro sem a menor cerimônia”.
Fez seus estudos no tradicional Colégio Rio Branco e um de seus colegas de sala de aula, no primeiro ano do antigo curso primário, foi o empresário Antonio Ermírio de Moraes. A primeira professora dos dois foi dona Soledad pela qual tinham muito carinho e com quem mantinham um contato carinhoso que se estendeu pelo restante da vida dela. Vez por outra, já adultos, mandavam bilhetinhos carinhosos à professorinha que em um determinado dia pediu que eles comparecessem à sua casa. Os dois para lá foram e preocupados acreditavam tratar-se de algum problema de saúde, achando que a antiga mestra precisava de ajuda, mas para a surpresa não foi bem isso. Ela cobrou atenção de Paulo Bomfim e Antonio Ermírio pela forma “desleixada” como eles estavam escrevendo e saiu dizendo: “Tenho lido os bilhetes que vocês me mandam e percebo que a letra de vocês está cada vez pior. Quero que vocês venham aqui mais vezes para que eu possa dar novamente a vocês, aulas de caligrafia.”
Na infância Paulo Bomfim frequentou a Biblioteca Infantil da Vila Buarque onde pegou gosto por escrever e lá se tornou poeta, mas não sabe bem por quê. “A poesia me procurou e não eu a ela”, costuma dizer. Em seu primeiro livro escreveu, “…lembrava-me de um balão que, multicor, se vê no firmamento, não se sabe donde veio, não se sabe aonde vai, não era velho, não era moço, não tinha idade, … Antônio Triste.”
Como não se vive só de poesia, Paulo Bomfim se tornou jornalista, se destacando a partir da década de 1950, nos Diários e Emissoras Associados, do empresário Francisco de Assis Chateaubriand, o Chatô. Na TV Tupi apresentou o “Mappin Movietone”, um noticioso que precedeu no formato ao Jornal Nacional. Teve ainda outro programa, “Universidade na TV”, que foi ao ar na TV Cultura que pertenceu aos Associados. O poeta publicou durante anos uma crônica semanal no “Diário de São Paulo”, passando depois para o Correio Paulistano e Diário de Notícias e assina agora uma coluna no jornal forense “Tribuna do Direito”, mantendo-se assim na ativa. Dessas publicações a historiadora Ana Maria Martins retirou as crônicas que compõem o novo livro. Nele, em sua sensibilidade poética, Bomfim procura dizer de seu amor pela cidade de São Paulo explicando que, “o corpo de São Paulo foi formado pelo sangue e a carne de João Ramalho e Bartira, filha de Tibiriçá. O pensamento é de Manuel da Nóbrega, mas a alma é de José de Anchieta. Já o governo veio de Santo André, a vila dos parentes de João Ramalho”.
More Stories
Quem é Jan-Lennard Struff, rival de João Fonseca nas oitavas de Phoenix
Programa para declarar IR 2025 será liberado hoje; veja onde acessar
Fluminense tem titular expulso, e clássico com Flamengo termina em confusão